sábado, 7 de junho de 2025

A Ciência Clássica versos a Ciência Quântica...










A Ciência Clássica versos a Ciência Quântica






















Salvador – Bahia

2024

João Fabio Ribeiro de Oliveira














A Ciência Clássica versos a Ciência Quântica





O texto seguinte faz um

Comparativo entre a

Ciência Clássica e a

Ciência Quântica

Com o intuito de ajudar

No esclarecimento das

Mesmas. UNEB

















Salvador – Bahia

2024

Ciência Clássica versos Ciência Quântica


          As obras apresentadas para o desenvolvimento desse texto são incríveis. Essas obras assim como a experiência do Mestrado são transformadoras. As obras em questão não abordaram desdenhosamente relativo a Ciência Clássica. Muito pelo contrário. Essas obras abordam respeitosamente a Ciência Clássica. Dizem que a ciência clássica teve sua importância em sua época, porem que o ser humano e a ciência precisam evoluírem constantemente. A pessoa que vos fala nesse texto está muito grata por essa experiência proporcionada a ela e muito honrada em poder tratar de um assunta de tamanha importância para todos.

          Consumindo as obras utilizadas como referências para esse texto vemos claramente a natureza dura e engessada da Ciência Clássica que não vemos claramente até estarmos perante à uma ciência muito mais sofisticada. A Ciência Quântica. A Ciência Clássica é simples em seu formato que é apresentado a gente. Seu formato de abordar a ciência baseado na ideia de que a realidade é óbvia, tangível e clara. Resumindo-se a o mundo que vemos. Ou que pelo menos pensamos vermos. A ciência clássica limita-se ah o mundo aparentemente tangível. Contudo a Ciência Quântica nos convida à nos questionarmos se a realidade é de fato o mundo material e tangível. Lembrando que o fluido gás é material e tangível logo faz parte da abordagem da Ciência Clássica.

          Eu preciso admitir que começar o curso do Mestrado a partir da Mecânica Quântica requer esforço, dedicação e bagagem na área, contudo não podemos esperarmos menos que isso dos Mestrado nem dos Doutorados. Eu admito que o que me deu estrutura para chegar ah poder conseguir escrever esse texto é minha experiência no estudo da Mecânica Quântica. No entanto o estudo dessa aera da ciência sempre foi prazeroso e satisfatório apesar da estrutura necessária para tal estudo ser considerável. Porém o estudo da Mecânica Quântica é custoso mais pelo fato de nascermos e crescermos condicionados à pensarmos baseados ma Ciência Clássica a pesar de suas limitações relativas à Ciência Quântica. Entender isso é fundamental para o progresso no estudo da Mecânica Quântica chamada comumente de Física Quântica e Ciência Quântica. Precisamos também superarmos muitas dificuldades para compreendermos essa ciência como destruirmos paradigmas primitivos e engessados que temos na mente para pensarmos quanticamente. A paciência consigo mesmo e com o processo são fundamentais assim como o esforço e a dedicação. E assim sacrificarmos quem somos antes do estudo da Ciência Quântica para nos tornamos alguém inserido no mundo quântico. Isso tudo vale muito a pena e vermos claramente isso nos primeiros Progreso.

          A Ciência Clássica teve de fato seu papel na vida humana, porem precisamos irmos além. Nós precisamos de mais. Muito mais. E só a Ciência Quântica pode oferecer isso. Contudo ela precisa de mais e mais gente conhecendo ela para o bem de cada um e para ela adquirir cada vez mais recursos para seu desenvolvimento. Recursos esses insatisfatórios no momento assim como muito mal conhecida pelas pessoas. Não temos muitas pessoas qualificadas à esclarecerem a Ciência Quântica ah massa. Assim como não temos nem um tipo de obra satisfatória para expor a Ciência Quântica à massa. Pouquíssimas pessoas dedicaram-se realmente à conquistar algum progresso em sua compreensão. Todos precisam saberem o quão benéfica à todos é a Ciência Quântica. A Ciência Quântica tem muito à oferecer à humanidade no momento e terá muito mais e cada vez mais rapidamente se mais e mais pessoas tiverem contatos significativos com ela.

          Eu sou uma das testemunhas das maravilhas que a Ciência Quântica pode fazer àuma pessoa e não só ào trabalho dos Físicos Quânticos e não Quânticos. Ela é claramente compatível à todos devido à todos fazerem parte do mundo quântico. Afinal sabermos quem somos é algo inestimável para qualquer um. Precisamos de mais pessoas dominando cada vez mais a Ciência Quântica para que tenhamos cada vez mais abordagem novas na arte de ensinar essa ciência. Eu digo isso nos níveis todos e não só no nível mais alto do estudo atômico em si. Esse exercício de didática nos tornará não só melhores na arte de lecionar como nos tornara pessoas cada vez melhores.

          Admito que a Ciência Quântica é fantástica e transformadora, porem requer interesse e seriedade. A pessoa precisa querer não só ser algo melhor através da Ciência Quântica, mas também na verdade querer se tornar quem é de fato através da compreensão de quem é de fato através da interiorização da Ciência Quântica. Logo vemos que não nos transformamos em nada na realidade. Nos abandonamos quem não somos, porem pensamos sermos para nos conhecermos e sabermos quem somos realmente. Isso requer um amor próprio considerável. Um amor pela evolução. Porem se a pessoa não tiver isso, contudo dedicar-se à compreender à Ciência Quântica, então ela desenvolvera esse amores inevitavelmente. Afinal a Ciência Quântica é capaz de beneficiar intelectualmente até a melhor e mais sabia das pessoas.

          Está claro à essa altura desse texto que a Ciência Clássica não pode proporcionar isso à o ser humano. Não digo que a Ciência Clássica não tem seu valor e não beneficiou o ser humano por muito tempo. Contudo a diferença entre a Ciência Clássica e a Ciência Quântica é infinita. Incomparável.

         A pessoa que pensa na Ciência Quântica baseado em ideias solidas, engessadas e previsíveis que a Ciência Clássica ensina engana-se completamente. Essa pessoa não faz ideia do quanto ela está enganada e muito menos do que está perdendo. Afinal se soube-se não perderia tempo. A Ciência Quântica aborda o mundo visível e tangível como algo inimaginável através dos olhos da Ciência Clássica. Eu poderia usar a palavra sobrenatural. Ela atrela o mundo visível e tangível à mente das pessoas e prova que o mundo visível e tangível existe a partir do momento que ele é observado apenas. Tecnologia que na realidade vai muito além do que conhecemos como sobrenatural. A Ciência Quântica nos ensina que nosso corpo está ligado à tudo nesse mundo e que precisamos nos perguntarmos o quanto isso pode ser benéfico e maléfico para nos todos já que nossa mente está ligada de alguma forma à nosso corpo. Afinal a matéria só passa à existir à partir do momento que precisamos observarmos, interagirmos e pensarmos ela. A Ciência Quântica pede para nos questionarmos sobre a possibilidade de coisas que ignoramos estarem nos prejudicando sem percebermos. A Ciência Quântica sugere a reflexão também de que se podemos sermos prejudicados por algo que ignoramos, então poderíamos mudarmos esse quadro e passarmos à nos beneficiarmos e beneficiarmos uns à os outros também de alguma forma que não conheçamos ainda. Contudo um passo inicial é necessário. O interesse real de corpo e alma e a dedicação na sequência e assim conseguiremos o que precisamos muito agora. Que todos conheçam a Ciência Quântica e dediquem-se à interiorizarem ela cada vez mais em si mesmo. Isso está à o alcance de nós todos e é um direito nosso e até um dever para conosco e para com nossos semelhantes.

          A Ciência Quântica é desconhecida pela maioria e a maioria que pensa conhece-la esta desinformada na realidade. As pessoas aprenderam à quererem tudo facilmente e sem esforço algum. Isso somando à o fato de as pessoas terem a necessidade de se convencerem que sabem coisas que não sabem na realidade e que tudo é fácil nos faz entender o motivo do quadro atual. As pessoas pensam que tudo está na internet e que quase tudo da internet é confiável. As pessoas pensam que ciência é fácil. As pessoas confiam demais e isso tudo leva à proliferação da desinformação e à o afastamento cada vez maior das pessoas da Ciência Quântica. Afinal a desinformação não aproxima a pessoa da verdade. A desinformação afasta a pessoa da verdade. A desinformação é uma doença grave, perigosa e contagiosa demais. Quase todo mundo pensa saber quase tudo e muitos pensam saberem tudo. Qualquer lugar que formos encontramos pessoas que pensam saberem ciências avançadas devido à elas pensarem que aprenderam isso nas redes sociais, na internet ou no TV. Essas pessoas não possuem a capacidade de perceberem o que estão fazendo à si mesmas e isso somado à o fato delas não serem capazes de admitirem nem à si mesmas que não sabem nem que erraram nos coloca no quadro atual. Se isso tudo não for corrigido logo, então o progresso humano nunca ocorrera. Afinal o único progresso que tivemos até hoje foi dos recursos computacionais e de outras ferramentas e essas pessoas convenceram-se de que elas evoluíram. Elas pensam provarem isso dizendo que temos smartphones e redes sociais agora dentre outras ferramentas modernas. A Ciência Quântica requer qualidades intelectuais para ser compreendida que a maioria das pessoas não valoriza nem cultiva em si. Isso atrapalha muito. Nós precisamos de um trabalho solido de base em mentes primitivas e rusticas que se julgam modernas e superiores através das justificativas mais absurdas possíveis. Só então a mente dessas pessoas poderá começar à tocar a Ciência Quântica. A Ciência Clássica verdadeira é de compreensão verdadeira difícil, porem ela deixa brechas pseudocientistas ostentarem um conhecimento que não tem e espalharem desinformação. Fazer isso através da Ciência Quântica não é tão fácil, devido a diferença do saber real e do pseudosaber ser infinita. De maneira que quem sabe mesmo percebe a farsa e prova com duas ou três perguntas.














REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


Filme O Ponto de Mutação

Filme Quem Somos Nós

Palestra O Perigo De Uma Única Historia

Texto Realidade Quântica

Texto Paradigma da Complexidade

Um pouco de Mecanica Quantica…

Em primeiro lugar a Ciencia Fisica eh uma Ciencia Exata, logo sua Mecanica Quantica eh uma dissiplina exata… A Fisica estuda o tecido da realidade de suas manifestacoes mais obvias ah sua natureza mais profunda que eh a Mecanica Quantica… Tudo nesse universo eh estavel… As coisas nao ficam mudando em nossa frente… As coisas sao o que elas sao… Nada deixa de ser o que eh… Albert Einsten nunca disse que as coisas na Natureza nem na Fisica sao inconstantes e inexatas… A Teoria Da Relatividade dele tem tudo muito bem definido e muito exato como tudo na Ciencia… Tempo, Espaco, Gravidade e a Velocidade Da Luz nao mundam em seus ambientes… O Atomo se comporta exatamente da mesma forma de acordo ah suas funcoes em cada contexto... O termo RELATIVO significa - ISSO esta relacionando com AQUILO... Ciencia inexata, aleatoria, sem definicao e sem proposito NAO EXISTE… As Ciencias buscam A VERDADE e a verdade EH EXATA e UNICA… O que eh, eh… O que nao eh, nao eh… A Mecanica Quantica NAO diz que a Realidade EH INCERTA… Ela diz que NOSSA PERCEPCAO da realidade pode estar corrompida por DELIRIOS, afinal A REALIDADE EH EXATA e extremamente dificil de ser percebida… O delirio prepotencia por exemplo que faz, alem de outros males, a pessoa crer que conhece a realidade baseado simplesmente em suas observacoes amadoras e superficiais tiradas de suas experiencias amadoras e limitadas… Assim sendo a Mecanica Quantica nos alerta que nos perdemos nas fantasias eh facil… Logo quem pensa que cada um tem SUA REALIDADE PROPIA nao percebe que NA REALIDADE cada um que esteja nessa situacao TEM NA REALIDADE SUA ALUCINACAO PROPIA… A Mecanica Quantica nos propoem um trabalho interior de aquisicao de cada vez mais humildade e destruicao da prepotencia na gente para destruirmos nossos delirios para trabalharmos em funcao de conhecermos A REALIDADE

quarta-feira, 5 de março de 2025

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2025

Conto - O Efeito Borboleta - Ray Bradbury - Um Som De Trovao...

TEXTO: UM SOM DE TROVÃO (Ray Bradbury)
O anúncio na parede parecia tremular sob uma película de água quente. Eckels sentiu suas pálpebras
estremecerem sobre seu olhar, e o anúncio queimava, na momentânea escuridão:
SAFÁRIS NO TEMPO, INC.
SAFÁRIS PARA QUALQUER ANO DO PASSADO
VOCÊ DIZ QUAL ANIMAL.
NÓS O LEVAMOS LÁ.
VOCÊ O ABATE.
Uma flegma quente acumulou-se na garganta de Eckels; engoliu e empurrou-a para baixo. Os
músculos ao redor de sua boca formaram um sorriso enquanto ele estendeu sua mão lentamente pelo ar, e
naquela mão, balançava-se um cheque de dez mil dólares, para o homem atrás da escrivaninha.
— Este safári garante que eu volte vivo?
— Não garantimos nada — falou o funcionário — exceto os dinossauros. — Voltou-se. — Este é o Sr.
Travis, seu Guia, no Safári ao Passado. Ele vai dizer-lhe o que e onde atirar. Se ele disser para não atirar,
não se atira. Se desobedecer às instruções, há uma pesada multa de mais de dez mil dólares, mais um
possível processo do governo, quando voltar.
Eckels olhou, através do amplo escritório, numa completa confusão disforme, de fios entrelaçados e
caixas de aço zumbindo, para uma aurora que agora reluzia laranja, então prateada, e então, azul. Havia um
som como uma descomunal pira queimando todo o Tempo, todos os anos e todos os calendários, todas as
horas empilhadas e incendiadas.
Um toque da mão e esta queima, instantaneamente, se reverteria lindamente. Eckels lembrou-se
literalmente das palavras da propaganda. De carvões e cinzas, da poeira e das brasas, como salamandras
douradas, os velhos tempos, os anos jovens, podem saltar; rosas suavizando o ar; cabelo branco
enegrecendo-se, rugas desaparecendo; tudo voltando totalmente à origem, fugir à morte, precipitar-se para o
começo de tudo, o sol nascendo nos céus ocidentais, e pondo-se gloriosamente no leste, luas devorando-se
a si mesmas no sentido oposto ao costumeiro, e tudo se sobrepondo, como caixas chinesas, coelhos em
cartolas, tudo e todos retornando à morte viva, a morte da semente, a morte verde, ao tempo de antes do
começo. O toque da mão poderia fazê-lo, o mero toque da mão.
— Inacreditável. — Eckels respirava, com a luz da Máquina sobre seu rosto fino. — Uma verdadeira
Máquina do Tempo. — Abanou a cabeça. — É de fazer pensar. Se a eleição tivesse ido mal ontem, eu
poderia estar agora me afastando dos resultados. Felizmente Keith ganhou. Será um bom presidente para os
Estados Unidos.
— Sim — falou o homem por trás da mesa. — Temos sorte. Se Deutscher tivesse ganho, teríamos a
pior ditadura. Há sempre um homem antitudo, um militarista, um anticristo, anti-humano, anti-intelectual. O
povo nos requisitou, sabe, como que brincando, mas a sério. Diziam que se Deutscher se tornasse
presidente, queriam viver em 1492. Claro, não é o nosso negócio conduzir Fugas, mas organizar Safáris. De
qualquer maneira, Keith é o presidente agora. Tudo com que precisa preocupar-se agora é...
— Caçar meu dinossauro — Eckels acabou para ele.
— Um Tyranossaurus rex. O Lagarto Tirano, o monstro mais inacreditável de toda a história. Assine
este termo. O que quer que aconteça com você, não somos responsáveis. Esses dinossauros são muito
vorazes.
Eckels animou-se, nervoso. — Tentando assustar-me!
— Francamente, sim. Não queremos que vá alguém que entre em pânico ao primeiro tiro. Seis líderes
de Safári foram mortos no ano passado, e uma dúzia de caçadores. Estamos aqui para dar-lhe a maior
emoção que um caçador de verdade jamais almejou. Mandá-lo de volta sessenta milhões de anos, para
pegar a maior caça de todos os tempos. Seu cheque ainda está aqui. Pode rasgá-lo.
O Sr. Eckels olhou para o cheque. Seus dedos retorceram-se.
— Boa-sorte — falou o homem atrás da escrivaninha. — Sr. Travis, ele é todo seu.
Moveram-se silenciosamente, atravessando a sala, levando suas armas com eles, em direção à
Máquina, rumo ao metal prateado e às luzes gritantes.
__________
Primeiro um dia, e então uma noite, e então um dia, e então uma noite, e então era dia-noite-dia-noite-
-dia. Uma semana, um mês, um ano. Uma década! 2055 d.C., 2019 d.C., 1999! 1957! Partida! A Máquina
rugia.
Puseram suas máscaras de oxigênio e testaram os intercomunicadores.
Eckels inclinou-se no assento estofado, rosto pálido, maxilar enrijecido. Sentia o tremor em seus
braços, olhou para baixo e achou suas mãos firmes no novo rifle. Havia quatro outros homens na Máquina.
Travis, o Guia do Safári; seu assistente, Lesperance; e mais dois outros caçadores, Billings e Kramer.
Sentavam-se olhando uns para os outros, e os anos ardiam à volta deles.
— Estas armas podem dar conta de um dinossauro? — Eckels sentiu sua boca dizendo.
— Se os acertar direito — disse Travis pelo rádio do capacete. — Alguns dinossauros têm dois
cérebros, um na cabeça e outro no fim da espinha. Ficamos longe desses. É abusar da sorte. Atire as duas
primeiras vezes nos olhos, se puder, e cegue-os, e volte a atirar no cérebro.
A Máquina bramia. O Tempo era um filme passado ao contrário. Os sóis voavam e dez milhões de
luas, atrás deles. — Pense só — disse Eckels. — Todos os caçadores que jamais viveram nos invejariam
hoje. Isso faz a África parecer com o Illinois.
A Máquina desacelerou; seu grito caiu para um sussurro. A Máquina parou.
O sol parou no céu.
A névoa que envolvera a Máquina dissipou-se e estavam num tempo antigo, muito antigo mesmo, três
caçadores e dois Guias de Safári com suas armas metálicas sobre os joelhos.
— Cristo ainda não nasceu — disse Travis. — Moisés ainda não foi à montanha, para falar com Deus.
As pirâmides ainda estão na terra, esperando para serem recortadas e montadas. Lembrem-se disso.
Alexandre; César; Napoleão; Hitler; nenhum deles existe.
O homem fez que sim.
— Aquilo. — Apontou o Sr. Travis — é a selva de sessenta milhões, dois mil e cinquenta e cinco anos
antes do presidente Keith.
Mostrou o caminho de metal que cruzava o verde selvagem, sobre um amplo pântano, por entre fetos
e palmeiras.
E aquele — disse — é o Caminho, colocado por Safáris no Tempo, para seu uso. Flutua a seis
polegadas acima da terra. Não toca senão no máximo uma grama, flor ou árvore. É um metal
antigravitacional. Seu propósito é evitar que vocês toquem, de qualquer maneira que seja, este mundo do
passado. Fiquem no Caminho. Não saiam dele. Repito. Não saiam. Por qualquer razão que seja! Se caírem,
serão multados. E não disparem em nenhum animal que não aprovemos.
— Por quê? — perguntou Eckels.
Sentaram-se, na floresta antiga. Gritos distantes de pássaros vieram com o vento, e o cheiro de
alcatrão e de um velho oceano salgado, grama úmida, e flores da cor de sangue.
— Não queremos mudar o Futuro. Não pertencemos ao Passado. O governo não gosta de nós aqui.
Temos que pagar muita propina para garantir nossa licença. A Máquina do Tempo é um negócio
extremamente delicado. Sem saber, poderíamos matar um animal importante, um pequeno pássaro, uma
barata; mesmo uma flor, assim destruindo um elo importante, numa espécie em evolução.
— Isso não fica muito claro — falou Eckels.
— Está bem — continuou Travis — suponhamos que acidentalmente matemos um rato aqui. Isso quer
dizer que todas as futuras famílias desse rato, em particular, serão destruídas, certo?
— Certo.
— E todas as famílias das famílias daquele rato! Com um pisão de seu pé, você aniquila primeiro um,
então uma dúzia, então mil, um milhão, um bilhão de ratos, possivelmente!
— Então estarão mortos; e daí?
— E daí? — Travis torceu o nariz. — Bem, e as raposas que precisariam daqueles ratos para
sobreviver? Para cada dez ratos a menos, morre uma raposa. Para cada dez raposas a menos, um leão
morre de fome. Para cada leão a menos, insetos, abutres, infinitos bilhões de formas de vida são lançados ao
caos e à destruição. Eventualmente, tudo recai no seguinte: cinquenta e nove milhões de anos depois, um
troglodita, um, de uma dúzia no mundo inteiro, vai caçar javalis ou tigres-dentes-de-sabre para comer. Mas
você, amigo, pisou em todos os tigres daquela região. Pisando num só rato. Assim o troglodita morre de
fome. E este homem das cavernas, note bem, não é qualquer um dispensável, não senhor! Ele é toda uma
nação futura. Dele, teriam saído dez filhos. E destes, mais cem, e assim por diante, até a civilização.
Destruindo esse único homem, destrói-se uma raça, um povo, toda uma história. É comparável a matar um
neto de Adão. O pisão de seu pé, num rato, poderia principiar um terremoto, cujos efeitos poderiam abalar
nossa terra e destinos pelo Tempo afora, até seus alicerces. Com a morte daquele troglodita, um bilhão de
outros ainda não nascidos são mortos no útero. Talvez Roma nunca se erga sobre suas sete colinas. Talvez
a Europa fique para sempre uma floresta espessa, e apenas a Ásia cresça, forte e saudável. Pise num rato e
esmagará as Pirâmides. Pise num rato e deixará sua marca, como um Grand Canyon, pela Eternidade. A
rainha Elizabeth poderá nunca nascer. Washington poderá não cruzar o Delaware, poderá nunca haver
Estados Unidos. Portanto, sejam cuidadosos. Fiquem no Caminho. Nunca pisem fora!
— Percebo — comentou Eckels. — Então não poderíamos nem tocar a grama?
— Exato. Esmagar certas plantas poderia causar somas infinitesimais. Um erro mínimo seria
multiplicado por sessenta milhões de anos, desmesuradamente. Claro, talvez nossa teoria esteja errada.
Talvez o Tempo não possa ser alterado por nós. Ou talvez só possa ser alterado de maneiras sutis. Um rato
morto aqui causa um desequilíbrio dos insetos ali, uma desproporção populacional mais tarde, uma colheita
má mais adiante, uma depressão, fome, e finalmente uma mudança no temperamento social em países
remotos. Algo muito mais sutil, como isso. Talvez algo ainda muito mais sutil. Talvez apenas uma respiração,
um sussurro, um cabelo, um pólen no ar, uma mudança tão levezinha que se olhasse atentamente, não
notaria. Quem sabe? Quem pode dizer que realmente sabe? Não sabemos. Estamos só adivinhando. Mas
até que tenhamos certeza, se nossos passeios pelo Tempo podem fazer um barulhão ou um barulhinho na
História, seremos cuidadosos... Esta Máquina, este Caminho, suas roupas e corpo foram esterilizados, como
sabem, antes da viagem. Usamos estes capacetes de oxigênio de modo que não possamos introduzir
bactérias nesta atmosfera primitiva.
— Como sabemos que animais abater?
— Estão marcados com tinta vermelha — explicou Travis. — Hoje, antes da viagem, mandamos
Lesperance aqui com a Máquina. Ele veio a esta época em particular e seguiu certos animais.
— Estudando-os?
— Isso — falou Lesperance. — Sigo-os por toda sua vida, observando quais vivem mais. Quantas
vezes se acasalam. Poucas vezes. A sua vida é curta. Quando vejo que algum vai morrer com uma árvore
caindo em cima dele, ou um que se afoga num poço de alcatrão, anoto a hora, minuto, e segundos exatos.
Disparo um revólver de tinta. Deixa uma marca vermelha em seus flancos. Não podemos nos enganar. Então
correlaciono com a chegada ao Caminho, de modo que encontremos o monstro a não mais de dois minutos
de sua morte, inevitável. Desta forma, matamos apenas animais sem futuro, que nunca vão se acasalar de
novo. Vê como somos cuidadosos?
— Mas se esta manhã você voltou no Tempo, deve ter cruzado conosco mesmos, nosso Safári! Como
nos saímos? Tivemos sucesso? Conseguimos voltar todos... vivos?
Travis e Lesperance entreolharam-se.
— Isso seria um paradoxo — falou este último. — O Tempo não permite esse tipo de confusão; um
homem encontrando a si mesmo. Quando há o risco de tais situações, o Tempo desvia-se. Como um avião
passando por um vácuo. Sentiu a Máquina pular antes de pararmos? Éramos nós passando por nós mesmos, 
a caminho do Futuro. Não vimos nada. Não há meio de dizer se esta expedição teve sucesso; se pegamos
nosso monstro, ou se todos nós, isto é, o senhor, Sr. Eckels, saiu vivo.
Eckels sorriu, palidamente.
— Parem com essa conversa — interrompeu Travis. — Todos de pé!
Estavam prontos para deixar a Máquina.
A selva era alta, a selva era larga, a selva era todo o mundo, para sempre. Sons como música, e sons
como tendas voando, encheram o ar, e eram pterodátilos planando com cavernosas asas cinzentas,
morcegos gigantescos de delírio e febre noturna. Eckels, equilibrado no estreito Caminho, apontou seu rifle,
bem-humorado.
— Pare! — falou Travis. — Não aponte nem mesmo por brincadeira, idiota! Se a arma dispara...
Eckels enrubesceu. — Onde está nosso Tyranossaurus?
Lesperance checou seu relógio de pulso. — Logo à frente. Vamos estar no caminho dele em sessenta
segundos. Atenção para a tinta vermelha! Não atire até que eu mande. Fique no Caminho. Fique no Caminho!
Moveram-se adiante, pelo vento da manhã.
Estranho — murmurou Eckels. — Lá adiante, daqui a sessenta milhões de anos, fim das eleições.
Keith presidente. Todos celebrando. E aqui estamos, perdidos num milhão de anos, e eles não existem ainda.
As coisas que nos preocuparam por meses, por uma vida inteira, nem nasceram nem foram idealizadas
ainda.
— Soltar as travas, todos! — ordenou Travis. Você dá o primeiro tiro, Eckels; Billings, o segundo; e
Kramer, o terceiro.
— Já cacei tigre, javali, búfalo, elefante, mas agora isto... — disse Eckels. — Estou tremendo como
uma criança.
— Ah — fez Travis. Todos pararam.
Travis ergueu a mão. — À frente — falou, em voz baixa. — Na neblina. Lá está ele. Ali está Sua
Majestade Real agora.
__________
A selva era ampla e cheia de gorjeios, farfalhares, murmúrios e suspiros.
Subitamente, tudo cessou, como se alguém tivesse fechado a porta.
Silêncio.
Um som de trovão.
Da neblina, a cem jardas, vinha o Tyranossaurus rex.
— É ele — cochichou Eckels, — é ele... — Psss!
Ele veio sobre grandes pernas, oleosas, resilientes. Erguia-se a trinta pés, acima da metade das
árvores, um grande deus do mal, dobrando suas delicadas garras de relojoeiro perto de seu peito oleoso,
reptílico. Cada pata inferior era um pistão, mil libras de osso branco, mergulhadas em grossas cordas de
músculos, revestidas por um brilho de uma pele pedregosa, como a malha de um terrível guerreiro. Cada
coxa, uma tonelada de carne, marfim e aço trançado. E da grande gaiola arquejante da parte superior do
corpo, aqueles dois braços delicados pendurados para a frente, braços que poderiam erguer e examinar os
homens como brinquedos, enquanto se dobrava o pescoço de serpente. E a cabeça mesmo, uma tonelada
de pedra esculpida, erguida com facilidade contra o céu. Sua boca escancarava-se, expondo uma cerca de
dentes como dardos. Seus olhos rolavam, ovos de avestruz, vazios de qualquer expressão, exceto fome.
Fechava a boca num sorriso da morte. Corria, seus ossos pélvicos derrubando para os lados árvores e
arbustos, seus pés, com garras, afundando-se na terra úmida, deixando marcas de seis polegadas de
profundidade onde quer que apoiasse seu peso. Corria com um passo deslizante de balé, muito aprumado e
equilibrado para suas dez toneladas. Movia-se, cansado, numa arena ensolarada, suas mãos lindamente
reptilianas tateando o ar.
— Ora, vejam — Eckels torceu a boca. — Poderia esticar-se e pegar a lua.
— Pssst! — fez Travis, nervoso. — Ele ainda não nos viu.
— Não pode ser morto. — Eckels pronunciou seu veredito, quieto, como se não pudesse haver
discussão. Tinha avaliado a evidência, e era essa sua abalizada opinião. O rifle em sua mão parecia uma
arma de brinquedo. — Fomos loucos de ter vindo. Isto é impossível.
— Cale-se! — silvou Travis.
— Pesadelo.
— Dê meia volta — comandou Travis. — Vá em silêncio para a Máquina. Podemos reembolsar-lhe
metade de sua passagem.
— Não percebia como seria grande — falou Eckels. — Avaliei mal, foi isso. E agora quero desistir.
— Ele nos viu!
Lá está a tinta vermelha em seu peito!
O Lagarto Tirano levantou-se. Sua carne de armadura rebrilhava como mil moedas verdes. As
moedas, com uma crosta de lama, ferviam. No lodo, pequenos insetos esperneavam, de modo que todo o
corpo parecia retorcer-se e ondular, mesmo enquanto o monstro não se movia. Expirou. O cheiro de carne
crua foi soprado pelos ermos.
— Deixe-me sair daqui — disse Eckels. — Nunca foi como isto agora. Eu sempre estava certo de que
poderia sair vivo. Eu tinha bons guias, bons safáris e segurança. Desta vez, enganei-me. Encontrei algo que
me supera e reconheço. É demais para eu enfrentar.
— Não corra — falou Lesperance. — Dê a volta. Esconda-se na Máquina.
— Sim — Eckels parecia entorpecido. Olhou para seus pés, como que tentando fazê-los mover-se.
Deu um grunhido, incapaz.
— Eckels!
Deu alguns passos, piscando, hesitante.
— Não por aí!
O Monstro, ao primeiro movimento, impulsionou-se para a frente com um grito terrível. Cobriu cem
jardas em seis segundos. Os rifles ergueram-se rapidamente e iluminaram-se com o fogo. Um vendaval da
boca da besta engolfou-os na fedentina do lodo e sangue envelhecido. O Monstro rugiu, dentes brilhando ao
sol.
Eckels, sem olhar para trás, caminhou cegamente para a borda do Caminho, sua arma carregada
frouxamente em seus braços; saiu do Caminho e andou, inadvertidamente, pela floresta. Seus pés afundaram
em musgo verde. Suas pernas o carregavam, e ele se sentia só e afastado dos eventos lá atrás.
Os rifles dispararam de novo. O som perdeu-se no grito e no trovão do lagarto. O grande volume da
cauda do animal lançou-se para cima e para o lado. Árvores explodiram em nuvens de folhas e ramos. O
Monstro torceu suas mãos de joalheiro para acariciar os homens, para dobrá-los ao meio, para esmagá-los,
como frutinhas, para empurrá-los para seus dentes e sua garganta ruidosa. Seus olhos, quais rochedos,
estavam ao nível dos homens. Viram-se espelhados. Dispararam nas pálpebras metálicas e na luminosa íris.
 Como um ídolo de pedra, como uma avalanche de montanha, o Tyranossaurus caiu. Trovejando,
agarrou árvores e puxou-as consigo. Agarrou e cortou o Caminho. Os homens precipitaram-se para trás e
para longe. O corpo abateu-se, dez toneladas de carne fria e pedra. Os rifles dispararam. O Monstro brandiu
sua cauda blindada, crispou suas mandíbulas de serpente e imobilizou-se. Uma fonte de sangue jorrava de
sua garganta. Em algum lugar lá dentro, um saco de fluido estourou. Borbotões nauseantes inundaram os
caçadores. Lá estavam, vermelhos, brilhantes.
O trovão dissipou-se.
A selva estava silenciosa. Depois da avalanche, uma paz verde. Depois do pesadelo, o amanhecer.
Billings e Kramer praguejavam pesadamente, com seus rifles ainda fumegando.
Na Máquina do Tempo, face abatida, Eckels tremia. Tinha conseguido voltar ao Caminho e subira na
Máquina.
Travis chegou, olhou para Eckels, pegou gaze de algodão e virou-se para os outros, que estavam
sentados sobre o Caminho.
— Limpem-se.
Limparam o sangue de seus capacetes. Começaram a resmungar também. O Monstro jazia ali como
uma montanha de carne. Dentro dele, podia-se ouvir os sopros e murmúrios, enquanto seus recessos iam
morrendo, os órgãos parando de funcionar, líquidos circulando um último instante, de saco para a bolsa, para
vesícula, tudo desligando-se, parando para sempre. Era como ficar perto de uma locomotiva acidentada ou
uma escavadeira a vapor, no momento de desligar, com todas as válvulas sendo desativadas. Ossos
estalavam; a tonelagem de sua própria carne, desequilibrada, peso morto, quebrava os delicados braços, do
lado de baixo. A carne se assentava aos tremores.
Outro estalido. Mais acima, um enorme galho de árvore partiu de sua pesada ancoragem, caiu.
Golpeou certeiramente a fera morta.
— Pronto. — Lesperance verificou seu relógio. — Bem na hora. Essa era a grande árvore que deveria
cair e matar este animal, originalmente. — Olhou para os dois caçadores. — Querem tirar a foto de troféu?
— Quê?
— Não podemos levar o troféu para o Futuro. O corpo deve ficar aqui, onde deveria originalmente
morrer, de modo que os insetos, pássaros e bactérias possam devorá-lo, como devem. Tudo equilibrado. O
corpo fica. Mas podemos tirar uma fotografia de vocês a seu lado.
Os dois homens fizeram força para pensar, mas desistiram, abanando as cabeças.
Deixaram-se guiar ao longo do Caminho de metal. Afundaram cansados, nos assentos da Máquina.
Olharam de novo para o Monstro arruinado, o montículo em estagnação, onde já estranhos pássaros
reptilianos e insetos dourados estavam ocupados com a fumegante armadura.
Um som no chão da Máquina do Tempo deixou-os tensos. Eckels estava lá, tremendo.
— Lamento muitíssimo — disse.
— Levante-se! — gritou Travis. Eckels levantou-se.
— Vá para o Caminho sozinho — falou Travis, com seu rifle apontado. Não vai voltar para a Máquina.
Vamos deixá-lo aqui!
Lesperance agarrou o braço de Travis. — Espere...
— Fique fora disto! — Travis desvencilhou-se de sua mão. — Este louco quase matou-nos. Mas isso
não é tanto assim. Vejam seus sapatos! Vejam! Ele saiu do Caminho. Isso nos arruína! Seremos multados!
Milhares de dólares de seguro! Garantimos que ninguém deixa o Caminho, e ele o deixou. Ora, o louco! Terei
de informar o Governo.
Poderão cancelar nossa licença para viajar. Quem sabe o que ele fez ao Tempo, à História!
— Calma, tudo o que ele fez foi pisar em alguma sujeira.
— Como saber? — gritou Travis. — Não sabemos nada! É um mistério! Saia, Eckels!
Eckels mexeu em sua camisa. — Pago qualquer coisa. Mil dólares!
Travis olhou para o talão de cheques de Eckels e cuspiu. — Saia. O Monstro está perto do Caminho.
Afunde os braços até os cotovelos na boca dele. Então poderá voltar conosco.
— Isto é irrazoável!
— O Monstro está morto, seu idiota. As balas! As balas não podem ser deixadas para trás. Elas não
pertencem ao Passado; poderão mudar alguma coisa. Aqui está a minha faca. Cave-as!
A selva estava viva de novo, cheia de antigos tremores e do barulho dos pássaros. Eckels voltou-se
lentamente para olhar o monte de carniça primordial, aquela montanha de pesadelos e terror. Depois de um
longo tempo, como um sonâmbulo, arrastou-se ao longo do Caminho.
Voltou, tremendo, cinco minutos depois, com seus braços ensopados e vermelhos até os cotovelos.
Estendeu as mãos. Cada uma segurava algumas balas de aço. Então caiu e ficou lá, imóvel.
— Você não precisava obrigá-lo a isso — comentou Lesperance.
— Não? É cedo ainda para dizer. — Travis tocou o corpo, com o pé. — Viverá. Da próxima vez não
vai sair para caçar este tipo de caça. OK. — Ergueu o polegar para Lesperance. — Dê a partida. Vamos para
casa.
__________
1492. 1776. 1812.
Limparam suas mãos e faces. Trocaram de roupa. Eckels estava de pé de novo, mudo. Travis olhou
para ele por dez minutos.
— Não olhe para mim — exclamou Eckels. — Não fiz nada.
— Quem pode saber?
— Apenas saí do Caminho, foi tudo, um pouco de lama em meus sapatos; que quer que eu faça? Que
me ajoelhe e reze?
— Talvez precisemos disso. Estou lhe avisando, Eckels! Posso matá-lo, ainda. Minha arma está
engatilhada.
— Estou inocente. Não fiz nada!
1999. 2000. 2055.
A Máquina parou.
— Saia — ordenou Travis.
A sala lá estava, tal como quando saíram. Mas não exatamente a mesma. O mesmo homem atrás da
mesma escrivaninha. Mas o mesmo homem não parecia estar sentado exatamente atrás da mesma
escrivaninha.
Travis olhou em volta, depressa.
— Tudo em ordem por aqui? — foi logo perguntando.
— Claro. Bem-vindos ao lar!
Travis não relaxou. Parecia estar olhando para os próprios átomos do ar, e para o modo pelo qual o
sol entrava pela janela alta.
— OK, Eckels, saia. E nunca mais volte. Eckels não podia mover-se.
— Ouviu-me — falou Travis. — Para o quê está olhando? Eckels ficou, cheirando o ar, e havia algo no
ar, uma substância tão tênue, tão sutil, que apenas um fraco aviso de seus sentidos subliminares avisavamlhe que estava ali. As cores, branco, cinza, azul, laranja, na parede, na mobília, no céu, pela janela, eram...
eram... E havia uma sensação. Sua carne crispava-se. Ficou bebendo aquela estranheza com os poros de
seu corpo. Em algum lugar, alguém devia estar soprando naqueles apitos que só os cães podem ouvir. Seu
corpo gritava silenciosamente, em resposta. Além deste aposento, além desta parede, além deste homem,
que não era exatamente o mesmo homem que estava sentado àquela mesa, que não era bem a mesma
mesa... estava todo um mundo de ruas e gente. Que espécie de mundo era agora, não havia como dizer. Ele
podia senti-los mover-se ali, além das paredes, quase, como peças de xadrez por um vento quente...
Mas a coisa mais imediata era o anúncio pintado na parede do escritório, o mesmo que havia lido hoje
ao entrar. De alguma forma, o anúncio havia mudado:
SEFARIS NU TENPO, INC.
SEFARIS PRA QUALQUER ANO PAÇADO.
CÊ DIS QUI ANIMAU.
NÔIS LEVAMOS CÊ LÃ.
CÊOABAT.
Eckels sentiu-se caindo numa cadeira. Ficou mexendo, como louco, na lama em suas botas. Ergueu
um pedaço de algo enlameado, tremendo. — Não, não pode ser, não uma coisinha assim, não!
Embebida na lama, brilhando em verde e dourado e preto, havia uma borboleta, muito bela, e muito
morta.
Não uma coisa assim! Não uma borboleta! — gritou Eckels.
Caiu ao chão, uma coisa exótica, pequena, que poderia desmanchar equilíbrios e derrubar uma fila de
dominós pequenos, e então grandes dominós, e então dominós gigantes, por todos os anos através do
Tempo. A mente de Eckels turbilhonava. Não podia mudar as coisas. Matar uma borboleta não podia ser tão
importante! Ou poderia?
Seu rosto estava frio. Sua boca hesitava, ao perguntar: — Quem... quem ganhou a eleição
presidencial ontem?
O homem atrás da escrivaninha riu-se. — Está brincando? Sabe muito bem. Deutscher, claro! Quem
mais? Não aquele maluco pusilânime do Keith. Temos um homem de ferro, agora, um homem de peito! — O
funcionário parou. — O que há de errado?
Eckels gemeu. Caiu de joelhos. Examinava a borboleta dourada com dedos trêmulos. — Não
podemos — implorava ao mundo, a si mesmo, aos funcionários, à Máquina. — Não podemos levá-la de volta,
não podemos fazê-la viver de novo? Não podemos recomeçar? Não poderíamos...
Não se moveu. Olhos fechados, esperou, abalado. Ouviu Travis ofegando, na sala; ouviu Travis
apontar o rifle, destravá-lo.
Houve um som de trovão

sábado, 8 de fevereiro de 2025